terça-feira, maio 16, 2006

Madeirenses mantêm o "sim" à UE 20 anos após a integração



Do ensino à cultura e aos órgãos autárquicos as opiniões não divergem: a adesão de Portugal à União Europeia foi positiva
Vinte anos completados sobre a integração de Portugal na União Europeia (UE), os parceiros sociais da Região Autónoma da Madeira mantêm o sim à adesão.
Da cultura aos órgãos autárquicos, as opiniões pouco divergem quanto aos benefícios dos apoios europeus, num arquipélago que viu crescer, nos últimos anos, uma grande diversidade de infra-estruturas públicas.
Na área desportiva, Carlos Pereira, presidente do Club Sport Marítimo, vai mais longe ao defender que a integração no espaço europeu imprimiu uma nova forma de praticar desporto na Região. Ainda assim, o dirigente verde-rubro considera que os clubes deveriam ter a possibilidade de aceder directamente aos apoios comunitários (ver texto em baixo).
E, se o acesso aos fundos estruturais e a construção de estradas e de equipamentos de lazer lideram os argumentos pró-União Europeia, o desenvolvimento cultural também não é indiferente à população regional.
Óscar Silva é o rosto da Associação Cultural e Desportiva de São José, desde 2001. O dirigente desta colectividade socorre-se da sua experiência para realçar a grande evolução que o sector sofreu nas últimas duas décadas. Um factor que associa a maior capacidade de financiamento do Governo a um despertar de consciências para a importância destes eventos e do voluntariado, na sociedade actual.
«Não hesito em dizer que, nos últimos anos, o associativismo deu um salto qualitativo. As associações cresceram em número e ganharam na melhoria dos métodos de trabalho», refere.

No que aos órgãos autárquicos diz respeito, a vertente cultural assume igualmente grande relevo. António Trindade, líder da Casa do Povo da Ilha, não tem dúvidas que a evolução de mentalidades, resultado de um maior contacto com outras culturas e visível pela "banalização" dos intercâmbios culturais, é uma das grandes vantagens da integração de Portugal na UE.
Da mesma forma, os benefícios económicos representaram um grande avanço para as casas do povo e juntas de freguesia que, ressalva o autarca, passaram a usufruir de programas comunitários «indispensáveis à sua modernização».


Mas se a União Europeia é ainda tida como um grande aliado de Portugal, já a gestão do país sobre os fundos estruturais não escapa a alguns reparos. Tânia Teixeira, responsável pelo Clube da Europa da Escola Jaime Moniz, atribui esta má gestão do dinheiro europeu a «uma nítida falta de planeamento», quer por parte do Executivo, quer por responsabilidade das entidades que os receberam.

«Há em Portugal uma cultura do curto prazo. Parte do dinheiro atribuído para a agricultura e para a pesca, por exemplo, foi usado para a aquisição de bens ao invés de ser investido», justifica a docente.

EURO PREJUDICA ARTESANATO
Não obstante a facilidade de mobilização, a entrada de Portugal para a UE poucas consequências trouxe aos níveis da procura turística. A opinião é de Marco Ferreira.
No entender do director do Hotel Vila Baleira, a escolha dos destinos turísticos baseia-se mais na economia de cada país. E, embora os turistas continuem a preferir a Região, são as actividades indirectamente ligadas ao sector turístico as mais penalizadas, já que a transição do Escudo para o Euro «encareceu muito os produtos regionais, o artesanato e os serviços de táxi».
Positivo é, sublinha o empresário, o intercâmbio de profissionais, sobretudo se for considerada a falta de mão-de-obra no nosso país, e uma maior aposta na formação subsidiada pelos fundos europeus.
«Depois, há os benefícios indirectos trazidos pelos investimentos. Nos últimos cinco anos, por exemplo, o Porto Santo ganhou imenso em infra-estruturas», conclui.
Patrícia Gaspar

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